Por Ernesto Xavier
De vez em quando o que mais me angustia é sentar na biblioteca e
observar todos aqueles livros estáticos...parados olhando para mim. O ambiente
mais solitário e depressivo do mundo. Os autores e suas histórias, esquecidos
em estantes a espera de olhos que vejam suas palavras e que por alguns segundos
possam sentir aquilo que estará gravado naquele local para sempre. Os livros
retêm sentimentos e só podem gritar, colocar seus problemas para fora quando
alguém lhes dá atenção. Eles não podem escolher o momento em que desejam
desabafar...são escravos de suas próprias histórias, prisioneiros das palavras
que carregam. Olho para eles e choro...ouço seus pedidos, atendo as suas
reclamações e logo depois viro as costas e como um carcereiro, novamente os
fecho em uma cela. Fecho a deles ao mesmo tempo em que volto a minha...não sou
um livro, mas sei que durante todo aquele tempo em que estive ali, contemplando
e deles sentindo pena, eu na verdade estava pensando em mim.
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