Quase tudo me emociona. Fico impressionado com o mundo a cada instante. Ele me dá provas de que é um ser astuto, cheio de surpresas.
As nuances de um dia quente ou frio podem mudar meu humor de um jeito inimaginável. Posso parecer entusiasmado ou quieto a qualquer momento. Nada que assuste. Depende do que o mundo estiver a me oferecer.
Num emaranhado de arquivos no computador fui lendo aquilo que deixei no passado, sem publicação ou lembrança. Comecei a acompanhar pontuações de uma vida cheia de falas, pensamentos desconexos, mas que de alguma forma faziam sentido. Passei a me conhecer melhor olhando meus sentimentos com o ar superior de um observador externo. Minha biografia não autorizada e que somente eu tinha acesso.
Senti minha constante tentativa de entender as loucuras da vida, o porquê de tudo a minha volta, o porquê de mim.
Já fui mais ansioso, mais tenso. Talvez o tempo tenha me ensinado a separar frustração e decepção de medo. O temor pelo fracasso sempre me fez mais fraco, vulnerável. E como se quisesse me dizer algo, o tempo me mostrava que tudo tinha sua hora e intensidade. Algo novo pode acontecer a todo tempo. Basta estar atento para perceber o surgimento de oportunidades.
O medo me faz não seguir em frente em situações tão banais como iniciar um texto, sair de casa para resolver problemas do cotidiano ou pedir desculpas.
Orgulho maldito esse que me impede admitir aos outros o erro. Reconheço apenas para mim mesmo. É complicado falar ao mundo de nossos fracassos.
Desse jeito vou mentindo para mim, esquecendo daquilo que me machuca, sentindo ser o que nunca fui, porém sendo o de sempre. Não se pode viver da verdade a todo momento. O ser humano não está preparado para tudo o que mundo tem a lhe dizer.
Imagem: Vermeer, Johannes(Girl With a Pearl Ring)
Ghandi disse: Um covarde é incapaz de demonstrar amor. Isso é privilégio dos corajosos. Eu sei q vc é corajoso, logo tenha coragem tb de pedir desculpas, vc se tornará um gigante.
ResponderExcluirLendo o seu texto me fez lembrar um trecho de uma poesia de Fernando Pessoa que diz: "E que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio".
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