segunda-feira, 8 de março de 2010

CALOR, FRIO, CALOR...


Aquele janeiro tinha começado com tanto calor que nem dava para organizar os pensamentos de forma lógica. Sentia uma vontade incontrolável de ir à praia. Na televisão um jornalista dizia quais praias do Rio estavam aptas para o banho. O governo dita a quantidade de merda que somos capazes de suportar. Eu não me importava muito com isso. Estava com calor e necessitava acabar com aquilo. O suor saía de cada poro e a sensação do corpo colando me fazia sentir nojo.

Fui caminhando como que pelo deserto, quente, sedento e molhado. A água gelada do mar contrastava com o resto do mundo. O que me parecia após 40 dias ininterruptos de calor era que aquela sensação perduraria por toda a vida, que nada faria a temperatura cair, nem o inverno.

Mas o cinza do final do verão, disfarçado de inverno, foi me consumindo por dentro. Aos poucos essa ausência de cores e de vida foi contaminando cada canto da casa, levando minha alegria embora, meu sorriso, minha energia. Também há beleza nessa diferente forma de ver o mundo. Porém a chuva que pinga e lava as calçadas vai aos poucos minando cada esplendor. Viro refém da luz. Fico à espera de seu retorno: amarelo e forte, como só o sol sabe se mostrar. Não posso chamar de tédio ou marasmo. Por a culpa nos fatores externos...jamais! É só o mundo em equilíbrio. Aliás, isto talvez esteja em falta dentro da mente.

E nesse vai e vem do tempo: hora quente, hora frio, vou mudando de humor, repensando a vida. Minha constância é a mudança. Penso em começar tudo novamente. Porém não há recomeço do zero, pois as experiências do passado, erradas ou não, nos tornam pessoas diferentes. E cada experiência irá influenciar diretamente em nossas escolhas futuras. A vantagem que o tempo nos dá é poder refazer aquilo que de alguma forma foi equivocado um dia. O sol ou o cinza de cada manhã mostram que no mundo tudo pode ser feio ou belo, depende da forma que queiramos encarar a vida.

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

3 comentários:

  1. "Minha constância é a mudança." AMEI!

    ResponderExcluir
  2. Embora soe redundante dizer que o céu londrino precise de mais luz, as memórias que tenho do sol carioca que nasce no morro e morre no mar vivem em mim, me fazendo sorrir! É bom ressaltar que, além de vivermos no mundo, existe um mundo que vive dentro de nós.

    Saudades,

    Débi

    ResponderExcluir
  3. Ah, também sou vítimna do tempo. Mas aprendi amar as chuvas, os ventos fortes, tanto quanto as noites mornas de verão.
    Você consegue passar muito bem todas as sensações físicas e emocionais do seu eu-lírico. estoui aqui suando, hehe.
    obrigada pelo comentário-elogio :*

    ResponderExcluir

Copyright © Boletim Afrocarioca | Design: Agência Mocho