sábado, 12 de junho de 2010

ÁFRICA- PARTE 2


É tudo muito recente. As imagens passam repetidamente em todos os canais de TV do mundo. Pessoas olham estáticas, abismadas com a alegria de um povo que sofre tanto e ainda canta e dança. Celebra. Assim é a África. O pesar pode vir através da música em pranto, nunca em silêncio. E a celebração vem embalada ao som do coração, que bate tão forte, que se faz ouvir por todos os cantos.

Não só ouvidos ficam abismados. Olhos não crêem no que vêem. Tantas cores misturadas. Seria fora de moda aos olhares italianos, talvez. Porém naquele contexto combinam tanto, fazem todo sentido de existir. O que vestem diz muito sobre o que são. Um povo que carrega a alegria nas cores de suas vestimentas.

A pele também sente a diferença. No toque. No afago. No abraço apertado e amistoso. Não há receio de tocar o outro. Esta é uma forma comum de dar boas vindas. E talvez aí esteja o maior espanto. Nas terras acima do Equador, o contato é visto com ressalvas. “Por que temer?” Dizem eles. São todos irmãos, independente de cor ou credo.

Provavelmente cheiros e gostos causem igual estranhamento. Não o sei. Porém depois de tantos anos de abandono e indiferença, é com perplexidade que o mundo visita a África. Com a mesma perplexidade que portugueses, franceses, ingleses, holandeses, espanhóis e tantos outros tiveram há mais de 500 anos atrás. Quem é esse povo? Que ameaça podem ser? O que pensam? Como vivem? Incrível como depois de séculos as perguntas continuam sendo as mesmas. Depois de tanto tempo ninguém teve a perspicácias de decifrar um povo tão simples, tão humano em sua essência. Perderam valiosos ensinamentos, com certeza.

Talvez agora, possamos reescrever os livros de História. Preenchendo lacunas antes incompletas. Escreverão que na terra onde nasceu o Homem, existem pessoas que pensam, sentem, falam, se expressam e não apenas irão falar de primitivos em busca de uma salvação que nunca virá.

O que me entristece é perceber que o povo africano precisa se auto-identificar para que a partir daí, cresçam. Isso é extremamente complicado. Criar identidade para buscar caminhos é tão difícil quanto gerar a paz no mundo. Porém não impossível. O porquê de tanta demora em encontrar tal resposta se deu por conta de anos de cegueira e surdez impostos pelo dito 1° mundo. Hoje, de olhos abertos e com a voz solta, este povo canta e causa espanto. O que antes era apenas lágrima silenciosa, hoje se tornou grito de alegria. E o povo que esteve escondido em seu gueto, agora pode mostrar seu sorriso, seu rosto, sua alma.

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

Um comentário:

  1. Amei!! "Somos todos iguais, aos olhos do criador"...Bju mil!! Patricia

    ResponderExcluir

Copyright © Boletim Afrocarioca | Design: Agência Mocho