sexta-feira, 30 de abril de 2010

LABIRINTO


Perco-me facilmente dentro de meus próprios labirintos. Aqueles que criei para salvar a vida de uma linearidade angustiante. Agora procuro saídas complexas para caminhos simples. Cercado por paredes desconhecidas que me sufocam dentro de mim mesmo. Já não sei onde estou e para onde quero ir. Não sei se o que mais importa é o caminho ou o destino. Tento traçar planos, estratégias para fugir daquilo que é meu acompanhante e guia: o destino. Seria ele já traçado antes dos fatos?

Um facho de luz vem tocar a pele e assim faz acordar a dormência de minha alma. Uma alma frágil que carrega um corpo forte. Aos poucos o clima nublado de dias pesados vão se esvaindo e dando lugar ao esclarecimento. Mas ainda me encontro perdido dentro do labirinto. Ele faz parte de um realidade surreal, da flacidez de um espírito sólido. O mapa dessa história só será desenhado em remotas lembranças no futuro. A nostalgia irá informar quem fui. Só ela saberá de meus pesadelos, só ela cuidará dos meus pensamentos.

Um dia serei apenas saudade e histórias. O que tiver de mim espalhado por essa cidade serão apenas fragmentos do que fui realmente. Pelos olhos de uns o bem-feitor de histórias picantes, para outros o indiferente a tudo que o cercava. Nada poderá dizer com exatidão de detalhes aquilo que realmente fui e passei. Serei visto como um quebra-cabeças com peças faltando, até que o dia em que mais nada restará por contar. Estarei fadado ao esquecimento? Antes preciso achar a saída do labirinto. Para depois me perder novamente em outros caminhos tortuosos.


foto: SALGADO, Sebastião.

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Um comentário:

  1. meu querido, que texto......mas.....não acredito que vc esteja fadado ao esquecimento, tão pouco às lembranças das piadas picantes. Vc é mais do que isso...é o menino, o homem, o sorriso, o amigo, o sobrinho lindo que amoooooooooooooooo

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