quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

NEW YORK


Se entregar a despretensão talvez seja um defeito, porém se olharmos pelo lado da vida caótica em que vivemos, seria um modo de se refugiar na irresponsabilidade, de tirar o peso das escolhas que reside sobre as costas de qualquer homem do século XXI. Mesmo que estejamos tentados a largar tudo e sair por aí sem destino, existem barreiras que nos impedem e assim vamos adiando o dia em que vamos escorregar nem que seja rapidamente para fora dos muros de concreto da cidade. Nem precisa sair da cidade...é só sair da rotina.

Após um momento de stress, resolvi que não iria me deixar levar pela raiva e resolvi entrar no cinema. Claro que com uma tulipa de chopp antes. Não sabia nada sobre o filme: sinopse, atores, diretor...nada. Gostei do título e entrei na sala escura. Minha tia veio junto. Nunca tínhamos tido esse momento tia-sobrinho. Foi muito bom posso dizer. Percebo que muitas vezes não conhecemos quem está do nosso lado. Todos possuem alegrias e angústias, preocupações e vitórias, todos os dias. E poder compartilhar dessas histórias faz de nós seres participantes no universo. Nos dá a sensação de fazermos parte de algo maior e não só de nosso mundinho particular.

Voltando ao filme, ele era tão despretensioso quanto a minha vontade de vê-lo. E assim foi me pegando de surpresa, me prendendo às histórias daqueles nova-iorquinos. Eles eram tão cariocas, tão paulistas, tão chineses...eram tudo. O que dói lá, também dói cá. Bom saber disso.

“New York, I Love You” segue a mesma idéia de “Paris, Je T’aime” onde vários diretores criam pequenas histórias de amor na cidade e assim também mostram seu amor por onde vivem. Tudo costurado por um pequeno fio. Mas o que importa são as vidas passando diante de nós, como se estivéssemos sentados em um banco de praça a observar cada história dos transeuntes. Eu queria continuar sentado naquela poltrona, vendo Nova York pulsar. O ser humano é tão lindo com todos os seus medos e defeitos, amores e olhares.

Deu vontade de fazer o mesmo no Rio. Seria um filme muito mais solar e colorido, é verdade. Porém os sentimentos estariam ali da mesma forma. Palavras e mais palavras a preencher o vazio dos dias, das imagens, dos sons, da vida.

Saí de lá com a certeza de que me entregar ao inesperado pode fazer bem, principalmente quando as regras da vida normal já não nos completam mais.

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2 comentários:

  1. Uhuuu !!
    Viver é isso, se surprender.
    As vezes é preciso coisas assim, para pensarmos em tudo isso. Emoções... são nosso sangue.
    Não assisti esse filme, mas já coloquei na lista.rsrsrsrs
    E adorei a ideia do filme sobre o Rio.

    Q tal: "Rio,eu gosto de você"
    Roteiro: Ernesto Xavier.
    Pq não?

    Tenho certeza q daria um ótimo filme.
    E boas ideias surgem assim.. do nada.rs

    Bjinsssss

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  2. Filho, o inesperado a maior parte das vezes é super legal. Qto a sua ideia amei e me chame p/ a produçao executiva. Estou precisando diversificar. Óia o trintão!

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